Bom dia para quem sabe que sobreviver não basta, é preciso evoluir.
Na edição de hoje:
° Por que empresas gigantes tropeçam mesmo com todos os recursos e o que ninguém conta sobre isso.
° Como pequenos negócios conseguem prosperar justamente quando o mercado está mais turbulento.
° O que realmente determina longevidade empresarial em 2025 (não é escala, nem faturamento é capacidade de adaptação).
Vamos lá?
Por décadas, o mundo corporativo nos ensinou que crescer era sinônimo de segurança. Era quase uma equação automática: mais unidades, mais pessoas, mais processos, mais faturamento. Quanto maior a empresa, maior a impressão de que tudo estava sob controle. Até que o mercado começou a mostrar o oposto, que tamanho não impede queda, e que, muitas vezes, é justamente ele que a acelera.
Porque crescer não é o problema.
O problema é crescer e perder a capacidade de se adaptar.
É por isso que algumas das maiores corporações do mundo tombaram de formas que, anos antes, pareciam impossíveis. A Kodak inventou a câmera digital em 1975, mas guardou a própria inovação na gaveta para proteger o faturamento dos filmes fotográficos. A Nokia liderava o mercado global de celulares, mas subestimou o poder do software e deixou a Apple, infinitamente menor, transformar a experiência do usuário em vantagem competitiva.
Esses casos não contam sobre tecnologia.
Eles contam sobre velocidade, humildade estratégica e capacidade de mudar antes que a mudança seja obrigatória.
E quando olhamos para o Brasil, o padrão se repete. No varejo, por exemplo, enquanto gigantes tradicionais se prendiam às estruturas pesadas e ao apego ao passado, empresas mais leves transformaram agilidade em estratégia. Enquanto marcas consolidadas travavam batalhas internas para aprovar mudanças, a Magalu construiu um ecossistema digital integrado, marketplace, logística própria, lojas físicas conectadas, e-commerce, e cresceu em um terreno que as grandes sequer tinham percebido.
E é aqui que o paradoxo se revela: quanto maior a empresa, maior o risco de se apaixonar pelo próprio modelo, e menos capacidade de abandoná-lo quando necessário.
Grandes estruturas carregam vantagens reais, capital, tecnologia, reputação, pessoas, mas também criam camadas que dificultam decisões simples. A expansão traz força, mas traz também lentidão; traz experiência, mas traz apego; traz previsibilidade, mas traz fragilidade diante do inesperado.
Enquanto isso, empresas menores prosperam justamente porque não têm esse luxo. Movem-se rápido porque precisam. Ajustam a rota porque é a única opção. Ouvem clientes de perto, testam soluções sem burocracia, erram e corrigem quase no mesmo dia. No caos, simplicidade vira vantagem competitiva. E quanto mais instável o cenário, maior fica essa diferença.
Isso não significa que empresas grandes estão condenadas, longe disso. Significa apenas que, se não protegerem sua capacidade de adaptação, o tamanho deixa de ser força e passa a ser peso. A verdadeira pergunta que qualquer líder deveria fazer hoje não é “minha empresa está crescendo?”, mas: “minha empresa continua rápida?”
Porque no ambiente atual, volátil, competitivo, imprevisível, não vence quem tem mais gente, mais prédios ou mais processos.
Vence quem tem menos resistência à mudança.
As empresas que atravessarão a próxima década serão aquelas que entenderam que estratégia não é um plano anual, é um organismo vivo. Que cultura não é discurso, é comportamento diário. Que inovação não nasce em laboratórios, nasce do desconforto. Que velocidade não é improviso, é disciplina.
E, acima de tudo, empresas que sabem que a pior armadilha do sucesso é acreditar que ele garante o futuro.
Afinal, como dizia Andy Grove, ex-CEO da Intel:
“Somente os paranoicos sobrevivem.”
Até a próxima semana 👋
By Kaline Marchiori